sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Naufrágio

Meu naufrágio é tua pele,  essa permanente rota de  desvario e perdição. E quando me delito em teu ouvido em confissões indecentes, num dialeto de entrega e invasão, quando profano tuas esperas, é porque quero me perpetuar na tua falta. E ficar tatuado nos instintos, nas reações primitivas de teu corpo  insano.  Porque quando tiver de partir, de impossibilidade de amor, ou vida, cortado o fio pelas deusas que tecem o  fio  do tempo, eu saberei que tu me plantará numa flor qualquer no canto do jardim, na frente do armário quando escolher um vestidinho que dançe ao redor ti, quando se desequilibrar na bicicleta e teus braços buscarem amparo no vazio. E tua boca, esse abismo de ausência, na distância, esse aceiro a dominar todos os incêndios, quando oferecida, é minha cobiça e destino.

Eu te nomeio e tu me reinaugura. Te imagino e tento. Se vier o mundo será só enfeite...

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Convite...

Porque é tecida de flores nas manhãs de sábado e lua na alma te debulho e espero. Tu, meu altar de palavras e rendição, minha cobiça e vontade. Porque sei das vastidões que te cabem e dos percursos de mulher que te permeiam,  te sagro e chamo, te convido ao improvável. E porque sei que a mais longa das vidas pode ser vivida em um instante me curvo ao teu ouvido,  te dispo dos pudores e te semeio fêmea imaginária. Para que tua pele se contorça da falta da minha mão e suas  ambições me inscrevo em tua memória, para que saiba  que não há rota de fuga sem que te percorra a eterna pergunta do que seria este encontro. Mas, se vier,  tua palavra inaugurará países e terras únicas, como feitiço regenerador. O tempo será uma ilusão e a eternidade durará a permanência de tua boca. E tua beleza milimetrica,  o linho de teu cabelo solto  e os fios de mar selvagem e inexplorado de teus olhos, teu vestido a separar os meridianos de meu mundo, me fará inventar alfabetos, dançar na chuva, ler revista em quadrinhos, pular amarelinha, pois saberei que, sendo teu homem, tudo, até aqui,  terá feito sentido e razão.

Não importa o tempo que ficará. O que te nomeio não carece de perenidade e sim de entrega. Nos teus poros, como numa  rede de pescador, ao avesso, migro para dentro de você. Te  sagro vencedora...

Para que, vencedora, ceda...